O Monstrinho ainda não voltou. O desespero vai crescendo de um jeito que não sei explicar. Já me peguei até dando risada tendo a certeza de que ele vai voltar, e pensando nos apertões que eu vou dar nele de saudade, e nos xingos que vou dizer pelo tempo em que nos deixou assim preocupados e malucos. Mas no geral fico mais nervosa do que tranquila.
Para quem perguntou, ele é castrado sim, mas é meio briguento. Ele que manda aqui em casa. É engraçadíssimo! De manhã, quando a gente abre a porta para todos irem ao quintal, ele sai primeiro [dominante] e, quando está com a macaca, dá meia volta e bate em todos os outros gatos que querem sair. De graça. Ele não ganha nada com isso, só satisfação. O Monstrinho é doido, é muito engraçado. Por favor, continuem com a torcida para a volta dele.
Hoje aconteceu uma outra coisa comigo. Na verdade está acontecendo. Estava voltando pra casa lá pelas 13h30, debaixo daquela chuvinha fina, e encontrei um cachorrinho lindo, pretinho, filhotinho, no caminho do ponto de ônibus para minha casa. Uma judiação. Olhei para ele com cara de piedade e ele entendeu que eu era gente boa. Me seguiu. Cheguei em casa, chamei minha mãe, que me surpreendeu de tão brava que ficou, e pedi alguma ideia do que fazer. Fiquei com ele um tempo no portão, segurando o guarda-chuva em cima dele. Então minha mãe prendeu nossos cachorros [tenho dois vira-latas amarelos] e eu botei o bichinho pra dentro. Ele está no meu quintal, num corredor atrás da minha casa. Não estava com fome, pois resolveu brincar com o pote de ração. Bebeu água e fez xixi. Quase na minha perna. Eu me distraí e, quando olhei pra baixo, lá estava o sem vergonha com a perninha levantada mirando na minha canela. Depois fez num paninho no chão. Safado. Mas é sério, o cachorrinho é lindo! Tem carinha de labrador preto. Uma fofura! E pelo jeito se apega fácil, pois fiquei um tempo sentada com ele e ele dormiu todo bonitinho encostado na minha perna. Agora está dormindo num canto quentinho.
Minha mãe está absurdamente brava. Não entendi nada. Poxa, eu estou fazendo uma coisa boa, não estou? Não pedi para ficar com o cachorro, pedi? Mas não tinha como largar um bebezinho na chuva, cacete. Mas é assim que a gente é recebido quando tenta fazer uma coisa boa, não é? Vários de vocês já devem ter passado por coisas semelhantes em algum momento. É uma merda.
Alguém quer um cachorrinho? aiaiai...
Posso desabafar um pouco? Obrigada. Há alguns anos, uma amiga e eu encontramos uma gatinha bem filhotinha encolhidinha debaixo de um puta pé d'água. Bravo mesmo. Pegamos a bichinha, enrolamos num paninho, levamos para a casa dela e encontramos uma instituição para entregá-la. Pedi para minha mãe para ficarmos com a gatinha apenas por uma noite, pois na manhã seguinte a levaríamos embora. Brava, não deixou. Implorei. Nada. A mãe da minha amiga também não queria de jeito nenhum. Um vizinho dela ficou, ainda bem. No fim das contas nós fomos a pé da Lapa ao metrô Armênia, nos perdemos e voltamos de carona numa kombi com dois caras desconhecidos [acho que eu não tinha noção do perigo, nunca mais farei isso, mas felizmente nada de ruim aconteceu com a gente]. Novamente minha mãe não me deixou ficar com a gata. Uma merda. Recentemente, alguns anos depois disso tudo, meu irmão chegou em casa dizendo que ia trazer uma gatinha amarela pra casa, que uma amiga dele ia dar. Ninguém se opôs, e olha que aí a gente já tinha um monte de gato, diferente de quando pedi para ficar com a gatinha. Acho que a coisa é comigo. Quando encontraram meu segundo cachorro aí pela rua, abandonado, pegaram. Ele é quase do tamanho de um cavalo. Aí eu acho um pequenininho para ficar um tiquinho até encontrar um lugar pra ele, fica todo mundo contra mim. Estou de saco cheio dessa merda, sabiam?
Ah, desculpa. Ficou parecendo discurso de adolescente. Tenho 27 anos, não tenho idade para coisas de adolescente, mas estou fragilizada com tudo isso que está acontecendo. Desculpem-me. Espero não ter aborrecido ninguém.
Continuem com o pensamento positivo pela volta do Monstrinho, meu bonitão.
